13 de ago. de 2009

CHARME "HISTÓRIA & A FINS"

CHARME "HISTÓRIA & A FINS"

A maioria se envolveu por meio da família, embora hoje eles estejam cunhando um outro movimento musical que de certa forma hibridiza o Charme e o Hip Hop. Eles chamam de Dança de Rua e fazem questão de diferenciar do Street Dance. A Dança de Rua seria uma junção de diversas formas de dançar, com aspectos do Jazz, do Ballet Moderno e do próprio Street Dance. No movimento cultural do Charme há várias subdivisões musicais. O Flash Back são as músicas dos anos 80, o Mid Back as músicas do final dos anos 80 e nos anos 90 surgem o Slow Jam e o New Jack, dentre outras nomenclaturas. Os jovens estão mais voltados para o New Jack e o Hip Hop. Eu cunhei um nome para entender melhor o envolvimento dos jovens – o New Charme. Isso é algo que as pessoas se incomodam em enxergar. Nos bailes, hoje é perceptível, tanto nos de adultos, quanto nos de jovens, a música com a base musical toda do Charme e a linguagem do Hip Hop e o contrário também, a base do Hip Hop e o cantar mais melódico do Charme.

No início do Charme não havia essa mistura?

Não existia essa palavra para identificar um movimento cultural pontuado, principalmente, pela música e pela dança. Quem cunhou essa palavra foi o DJ Corello, em março de 1980. Na década de 60, o movimento negro nos Estados Unidos começou a ter uma força muito grande pelo reconhecimento dos direitos civis. Não que isso comece em 60, sabemos que a resistência dos negros dos Estados Unidos é bem anterior. Mas em 60, a música começa a entrar de forma muito contundente nessa causa. Diversos movimentos musicais são lançados e se espalham pelo mundo inteiro. No Brasil, por uma questão de identificação com os negros daqui, pela influência do Black Power e dos Panteras Negras e de outros movimentos mais fortes, nós acabamos assimilando esse movimento cultural.A identificação dos negros dos Estados Unidos com os negros daqui era forte, mas nos EUA eles eram muito mais politizados e nós muito menos até por uma questão fácil de entender – estávamos vivendo uma ditadura. Eles viviam uma outra ditadura, a ditadura branca. Aqui no Brasil passávamos por um momento em que a expressão era muito complicada. O movimento cultural era feito nos guetos, embora eu não goste dessa expressão. Dessa forma é que entra aqui, de maneira marcante, o Soul. Nesse momento, já na década de 70, acontece também a explosão da Discoteca. A mundializaçao da Discoteca na minha avaliação atua como uma forma de inibir um pouco a eclosão da musicalidade negra, já que o movimento da Discoteca acaba seguindo para a comercialização, o consumismo, a mundialização da cultura estadunidense e um embranquecimento da música negra, se é que podemos dizer dessa forma. Então permance por um tempo esse namoro do Soul com a Discoteca. Aí começam a criar outros ritmos derivados da Discoteca. O DJ Corello começa a fazer experiências de outras formas de Black Music. Ele introduz a musicalidade do Charme e as pessoas começam a gostar. Ele não tinha dado um nome para essa experiência, mas observou que quem dançava tinha um movimento corporal bem diferenciado. Em um baile no Mackenzie, no bairro do Meier, o Corello convida: “vamos agora ouvir um charminho para você balançar o seu corpo bem devagarinho”. Essa estória do “charminho” ficou na cabeça das pessoas e elas passaram a falar: “agora eu vou pro Charminho, vou ouvir um Charme, vou lá no Corello que vai ter Charme”.Recebi uma crítica de um DJ, dizendo que eu não poderia, na minha dissertação, ter chamado o Charme de movimento musical, confundindo-o com o Jazz, o Samba ou coisa parecida. Respondi que em nenhum momento eu chamei o Charme de estilo musical, mas de movimento cultural que tem como força marcante a dança e a música, que é uma música específica.

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